Entendendo o funcionamento do cérebro (parte 1)

Esse e os próximos textos serão uma conversa associada a fragmentos retirados do meu livro acadêmico preferido “Princípios da Neurociência” – Kandel/Schwartz/Jessell, que nos proporciona um conhecimento infindável sobre esse tema tão fascinante que é o cérebro humano. Dividirei o texto em partes para não ficar cansativo de se ler, pois a extensão do assunto permite um blog somente para esse tema. Boa leitura a todos!

Baseando-se na noção de que todo comportamento é resultado da função neural, o que nós chamamos de mente é um conjunto de operações realizadas pelo sistema nervoso. As ações do sistema nervoso compreendem não apenas os comportamentos motores relativamente simples, como caminhar ou comer, mas todas as ações cognitivas complexas que acreditamos ser essencialmente humanas, como pensar, falar e criar obras de arte.
A tarefa da neurociência é explicar o comportamento em termos das atividades neurais. Como o sistema nervoso organiza suas milhões de células nervosas individuais para gerar o comportamento? Como essas células são influenciadas pelo ambiente, incluindo as ações de outras pessoas? Os processos mentais específicos estão localizados em regiões específicas do encéfalo? A mente representa uma conquista emergente e coletiva do sistema nervoso? Se os processos mentais específicos podem estar localizados em regiões encefálicas distintas, qual a relação entre a anatomia e a fisiologia de uma região e sua função específica na percepção, no pensamento ou no movimento? Essas relações provavelmente serão reveladas por meio do exame da região ou pelo estudo de suas células nervosas individuais?
Para responder a essas perguntas, a neurociência moderna aborda um dos comportamentos cognitivos mais apurados: a linguagem. Assim, necessariamente nos concentramos no córtex cerebral, a parte do encéfalo ligada aos comportamentos humanos mais complexos, entendendo como o encéfalo é organizado em regiões ou compartimentos encefálicos, cada qual composto de grandes grupos de neurônios, e como comportamentos altamente complexos podem ser rastreados em regiões específicas do encéfalo e entendidos em termos do funcionamento de grupos de neurônios.
O sistema nervoso central é uma estrutura bilateral e essencialmente simétrica com sete partes principais: a medula espinal, a medula oblonga, a ponte, o cerebelo, o mesencéfalo, o diencéfalo e os hemisférios cerebrais. As operações neurais responsáveis por nossas habilidades cognitivas ocorrem basicamente no córtex cerebral – matéria cinzenta sulcada que cobre os hemisférios cerebrais. Em cada um dos hemisférios cerebrais o córtex é dividido em quatro lobos anatomicamente distintos: frontal, parietal, temporal e occipital, originalmente nomeados de acordo com os ossos do crânio que os recobrem. O lobo frontal está amplamente relacionado com o planejamento de ações futuras e com o controle do movimento; o lobo parietal, com a sensação somática, a formação da imagem do corpo e a relação da imagem do corpo com o espaço extrapessoal; o lobo occipital, com a visão; o lobo temporal, com a audição e, por meio de suas estruturas mais profundas – o hipocampo e o núcleo amigdalóide – com aspectos de aprendizagem, memória e emoção. Cada lobo apresenta várias circunvoluções profundas características, uma estratégia evolucionária propícia ao acúmulo de mais células em um espaço limitado.

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